29.10.10

John Muir Trail - Dia 14

Palisade Lakes, Kings Canyon NP, California, USA

Dia 14 - 05.IX.2010
Início - Palisade Creek (2600m)
Final - Kings River (3100m)
Distância - 23km
Subida - 1200m
Descida - 600m

A subida do dia começou relativamente fácil, no vale do Palisade Creek, gradual. Mas em breve chegaríamos a um dos pontos emblemáticos do JMT, a "Golden Staircase", um zig-zag infindável escavado numa parede quase vertical. Este foi um dos últimos troços a ser completados no trilho, já nos anos 1930, dada a dificuldade em vencer a parede. Mas era preciso subir para chegar a um vale onde os Palisade Lakes esperavam. Estes são certamente dos lagos mais cristalinos e azuis/verdes que vi. Um sítio excelente para almoçar e descansar antes de atacar a subida final para o Mather Pass (3688m). As vistas lá de cima? Melhor nem dizer mais nada... A descida era relativamente fácil, quase toda em terreno aberto, num caminho recto ao longo de um largo vale que levaria à travessia do Kings River. Pelo caminho encontramos vários rangers e voluntários que procuravam uma senhora coreana, de 55 anos, perdida desde o dia anterior. Bem que os helicópteros não paravam de sobrevoar a região desde a tarde anterior. Aparentemente vinha com um grande grupo, mas a verdade é que ao longo deste troço tinhamos passado por vários membros do grupo, cada um para o seu lado. Não sei como não se perdem mais. Mas a senhora acabaria por ir dar à base de operações de busca, não muito longe do nosso local de pernoita, depois de mais de 24h perdida.

Nesta região perder o rumo é relativamente fácil. Não há casas, estradas ou outros pontos facilmente reconhecíveis. E houve mesmo uma grande quantidade de caminhantes que nos perguntavam quantas milhas faltavam para o ponto A ou B. O que dá a esta gente para vir sem um mapa ou a mínima noção de onde se estão a meter? Como tenho a mania a planear tudo ao pormenor levei mapas, livro-guia, GPS e mesmo um Spot. Trata-se de um aparelho que em caso de emergência permite chamar o SOS em qualquer parte do mundo, desde que haja cobertura de satélite. Permitiu também mandar duas mensagens por dia para familiares e amigos nos acompanharem remotamente, sabiam sempre onde andávamos.

26.10.10

John Muir Trail - Dia 13

Muir Pass, Kings Canyon NP, California, USA

Dia 13 - 04.IX.2010
Início - Evolution Lake (3300m)
Final -  Palisade Creek (2600m)
Distância - 28km
Subida - 500m
Descida - 1300m

A partir de hoje seria um dia, um colo. Todos a mais de 3600m de altitude. Mas o de hoje é o mais famoso, o Muir Pass (3644m), nome dado em honra do próprio John Muir. Saímos ao longo do Evolution Lake, subindo para o Sapphire Lake e finalmente o Wanda Lake, no sopé do Mount Huxley, nome dado em honra de Thomas Henry Huxley, mais um evolucionista e conhecido como "Darwin's Bulldog". E assim se chegou ao Muir Pass, com a sua cabana construida nos anos 30 para casos de emergência. As vistas nunca decepcionam... O caminho para Sul seria em grande parte em região rochosa, dada a altitude que limita o crescimento de vegetação. A determinada altura houve mesmo que atravessar um declive com neve/gelo. E uma marmota residente deixou-se aproximar tanto que só faltava vir comer à mão. Lagos, ribeiros, cascatas, sucediam-se vertiginosamente. Mas desce-se tanto que no Le Conte Canyon a floresta reaparece. Como o dia ia longo, não chegamos onde pretendiamos, mas a pouca distância, já a subir, que no dia seguinte viria mais.

A água abunda ao longo de todo o trilho. Lagos, lagoas, rios, ribeiras, nunca há falta de pontos onde abastecer. Sendo água corrente em zona de montanha, sem localidades, gado ou outros poluentes a montante, era invariavelmente límpida. Apesar de haver quem não o faça, usámos um filtro para garantir que era potável. Em qualquer local era só dar à bomba para ter água melhor que a do Luso.

23.10.10

John Muir Trail - Dia 12

Evolution Lake, Kings Canyon NP, California, USA

Dia 12 - 03.IX.2010
Início - Muir Trail Ranch (2300m)
Final -  Evolution Lake (3300m)
Distância - 22km
Subida - 1100m
Descida - 60m

Este seria um dia complicado, aguardado desde há dias com expectativa. Estávamos novamente com carga total, 18kg, depois do reabastecimento da véspera. Iamos entrar na região verdadeiramente selvagem do percurso, em alguns pontos estaríamos a 2 dias de caminho da estrada mais próxima. E tinhamos uma subida de 1400m a completar em 2 dias até o Muir Pass. Curiosamente, foi dos dias em que me senti melhor. A Clara não tanto, mas a verdade é que subimos quase a passo de corrida e fizemos bem mais distância que a prevista inicialmente. Pouco depois de sairmos entrámos no segundo dos três Parques Nacionais que iriamos percorrer, o Kings Canyon NP. Seguiram-se as ascenções ao longo do San Joaquin River e do Evolution Creek, que tivemos de atravessar a vau. Por vezes esta travessia tem de ser feita com água a chegar perigosamente perto da cintura e uma forte corrente. Felizmente, desta feita pouco mais molhava que os pés. Este ribeiro segue pelo Evolution Valley até atingir o Evolution Lake, rodeado pelos montes Darwin, Mendel e Spencer. Muito apropriado, porque Charles Darwin, Gregor Mendel e Herbert Spencer foram dos cientistas que mais contribuíram para se perceber a teoria da evolução (metida em papel numa teoria congruente pela primeira vez pelo primeiro). Foi perto do Evolution Lake, rodeado por estas grandes figuras, que acampámos. Para culminar, encontrámos um local elevado, abrigado, com uma vista fabulosa. Que melhor local para um biólogo passar a noite? Aproveitei para tirar uma série de fotos crepusculares e nocturnas.

Todos os caminhantes levam uma máquina fotográfica, normalmente uma compacta. Mas eu tinha mesmo de levar uma DSLR. Foi assim que andei durante os 18 dias a carregar com uma Nikon D5000 comprada usada de propósito para o trilho, dado que a minha D300 pesaria mais meio quilo. Uma objectiva versátil, 18-200, para dar tanto para paisagem como para a vida selvagem. 5 baterias, das quais só usei 3 que duram bem mais que o que pensei. Filtro polarizador, que gosto de céus bem carregados. Este material foi sempre pendurado ao peito com cordeletas numa bolsa pequena, sempre à mão. E finalmente um sistema de tripé que eu próprio criei, com ballhead, que permitia juntar 3 batons para fazer um verdadeiro tripé ajustável. Chegou e bastou para longas exposições de meia hora. Um dia patenteio o sistema :)

20.10.10

John Muir Trail - Dia 11

Selden Pass, John Muir Wilderness, California, USA

Dia 11 - 02.IX.2010
Início - Rosemarie Meadow (3000m)
Final - Muir Trail Ranch (2300m)
Distância - 15km
Subida - 300m
Descida - 1000m

O dia de hoje era fácil. O último dia fácil. Isto porque tinhamos enviado há perto de 3 semanas um balde com comida para um rancho que o guardou até chegarmos. Os 10 dias de comida que tinhamos inicialmente já estavam a acabar e este reabastecimento iria permitir ter comida para os próximos 10. Na verdade só tinha cabido comida para 8 dias no balde, de forma que tinhamos de fazer melhor as contas. Mas o dia começou com a subida ao Selden Pass (3300m) que mais uma vez não desiludiu e permitiu ter vistas brutais em todas as direcções. Depois foi descer, descer e descer. Chegados ao Muir Trail Ranch à hora de almoço estava lá bastante gente também a reabastecer. E, não só tinhamos o nosso balde, como à disposição, os baldes de muitos caminhantes que fizeram mal as contas e enviaram comida a mais. Era ver uma catrefada de esfomeados a rapinar o que houvesse de decente. Também rapinámos o nosso almoço e jantar deste dia, já que as contas do nosso balde tinham sido feitas por baixo :) Depois foi só acampar á beira do rio, onde umas termas nos esperavam. Desta vez eram uns meros buracos com lama morna, nada de especialmente convidativo...

Algo de curioso que acontecia sempre que encontrávamos alguém no caminho ou nos pontos de acampamento era uma série de perguntas. De onde são era a mais comum, e toda a gente se espantava o que andavam Portugueses a fazer por ali. Será que mais algum tuga fez o JMT até hoje? Quero crer que sim. Se disséssemos que trabalhávamos no Smithsonian então era motivo para meia hora de conversa. "Sabem escolher onde trabalhar e onde passar férias" foi um elogio ouvido mais que uma vez. Mas também havia quem perguntasse em quanto tempo íamos fazer o trilho, qual a temperatura dos sacos cama, que tipo de comida levávamos (ainda tivemos de explicar o que é Cerelac), etc. Sempre com muita simpatia, meter conversa é algo que os americanos realmente fazem bastante.

17.10.10

John Muir Trail - Dia 10

Rosemarie Meadow, John Muir Wilderness, California, USA

Dia 10 - 01.IX.2010
Início - Edison Lake (2300m)
Final - Rosemarie Meadow (3000m)
Distância - 20km
Subida - 1000m
Descida - 300m

Dado que o ferry que nos iria levar de volta ao trilho apenas zarpava às 9h tivemos tempo de comer à grande pela última vez. Um pequeno-almoço composto por ovos, fiambre, queijo, torradas com manteiga, batatas fritas com cebola, tudo com bastante gordura. Noutras circunstâncias teria sido pouco desejável, mas nesta altura... E lá deixámos os nossos companheiros de viagem e seguimos apenas dois o resto do caminho. Tinhamos percorrido pouco mais de 160km até aqui, faltavam quase 220. Connosco no barco foi mais uma série de pessoal que ia no mesmo sentido, mas como cada um vai na sua passada acabámos por não os ver mais, com uma única excepção. O trilho começou com um zigzag de 57(!) curvas até um planalto. A partir daqui foi fácil, quase sempre ao lado do Bear Creek, até chegar a mais um local de pernoita onde os ribeiros Rose e Marie se juntam, o Rosemarie Meadow.

A passada de quem faz um trilho deste género varia muito. Apesar de a média andar pelos 20/21 dias, o recorde sem assistência é de 3 dias e pouco, um russo que fez o caminho quase sem parar com uma pequena mochila só com comida. Mas há quem leve o seu tempo, vá parando em todos os locais, por vezes por vários dias. A única limitação é a quantidade de comida possível de transportar para as áreas mais remotas.

14.10.10

John Muir Trail - Dia 9

Silver Pass, John Muir Wilderness, California, USA

Dia 9 - 31.VIII.2010
Início - Cascade Valley (2800m)
Final - Edison Lake (2300m)
Distância - 19km
Subida - 600m
Descida - 1000m

O dia começa com uma subida ao Silver Pass (3322m). O mau tempo e frio entretanto tinham acabado, de forma que pudemos apreciar todo o caminho. Foi com um sol espectacular que passámos ao lado de uma série de lagos com nomes nativos, desde o Lonely Indian Lake, aos Chief Lake, Squaw Lake e Papoose Lake. Ganho o colo, foi sempre a descer, primeiro numa zona rochosa encaixada, depois no meio de floresta. Ainda passámos por mais grupos com mulas, que não têm problemas em subir todos os colos de montanha com dezenas de quilos em cima. Largas dezenas, caso tenham o azar de apanhar um típico americano gordalhufo. Felizmente estes não se aventuram nestas paragens, não há McDonalds ao virar da esquina. No fim do dia, Edison Lake, onde se apanha um ferry para o Vermillion Resort. Um resort rústico, é certo, mas onde teríamos oportunidade de comer o último jantar decente e tomar o último banho quente até o fim da caminhada, 9 dias mais à frente (apesar de na altura estarmos a contar com mais 12). Foi também aqui que Álvaro e Guida abandonaram o trilho, não era fácil tirar dias de férias para o completar. Era este o último ponto em que seria possível apanhar boleia de volta à civilização. Espero que tenham gostado e que completem o JMT um dia mais tarde :) A partir daqui eramos só dois.

Apesar de se verem muitos grupos a fazer o JMT, uma grande parte dos caminhantes fá-lo a solo. Homens e mulheres, novos ou velhos, à procura de solidão, de vencer limites ou simplesmente porque não encontraram ninguém que estivesse disposto a perder umas férias inteiras a caminhar em montanha. Acabam por encontrar companhia nem que seja em alguns locais de pernoita ou no cimo dos colos onde invariavelmente se passa algum tempo a admirar a paisagem. Partilham-se histórias, contam-se planos, no fundo nunca se está inteiramente sozinho.

PS - Aqui do lado direito do blog coloquei o video da viagem.

11.10.10

John Muir Trail - Dia 8

Purple Lake, John Muir Wilderness, California, USA

Dia 8 - 30.VIII.2010
Início - Deer Creek (2800m)
Final - Cascade Valley (2800m)
Distância - 21km
Subida - 600m
Descida - 600m

Este foi mais uma vez um dia de lagos, sempre inseridos em paisagens de montanha. Até aqui, a 3000m de altitude, se encontravam pescadores, chamados pelas muitas trutas que não têm problemas em subir até a cabeceira dos rios. Depois do merecido almoço e descanso nas margens do Purple Lake, seguimos para o Virginia Lake, onde ainda deu para fotografar umas marmotas. A seguir tínhamos um zigzag imenso a descer até Tully Hole, um prado encaixadíssimo por onde só se sai pelas margens do Fish Ceek, que cai pelo vale numa sucessão de cascatas. Acaba-se por atravessar o rio numa ponte metálica, a seguir à qual pensávamos acampar. Infelizmente o local já estava ocupado por outro grupo de forma que tivemos de subir ainda um bom bocado em direcção à dificuldade do dia seguinte, o Silver Pass.

Apesar da solidão de grande parte do percurso, encontra-se bastante gente pelo caminho. Dos 8 aos 80, com maior ou menor preparação, para muitos trata-se mais de um desafio psicológico que físico. Durante os nossos 18 dias penso que o mais jovem caminhante que conhecemos teria uns 16 anos. O mais idoso 71. Este estava num grupo de austríacos que, com 71, 70 e 67 anos, faz este tipo de caminhada por todo o mundo. Segundo a senhora do grupo, é uma questão de habituar o corpo. Ela estava habituada enquanto jovem a correr ultra-maratonas, corridas de mais de 42km normalmente em caminhos de montanha, feitos em poucas horas. Haja saúde.

8.10.10

John Muir Trail - Dia 7

Veado, Yosemite NP, California, USA

Dia 7 - 29.VIII.2010
Início - Reds Meadow (2300m)
Final - Deer Creek (2800m)
Distância - 11km
Subida - 500m
Descida - 50m

E ao sétimo dia descansámos. Pelo menos uma manhã, dado que as condições meteorológicas não eram as melhores, com alguma humidade e ameaça de chuva, ainda os resquícios da tempestade. Aproveitámos para almoçar no bar de Reds Meadow. Desta vez os hamburgers não estavam tão bons, mas a apple pie (tarte de maçã) não estava má de todo. O caminho foi relativamente plano, subia-se pouco, e a princípio numa zona ardida durante os anos 90, ainda uma larga mancha. Dado que durante um bom bocado do caminho não haveria água, acampámos perto do último rio, Deer Creek. Depois da humidade veio o frio, já durante o jantar as temperaturas eram baixas, a frente fria chegou e tivemos uns meros 5 negativos durante a noite. Muito grizo se rapou. Até as mulas de um grupo que tinha acampado por perto se queixaram, batendo os cascos no chão durante toda a noite.

A fauna que se vê ao longo do trilho chama a atenção de qualquer um. Pela variedade, com ursos, veados, marmotas, múltiplas espécies de esquilos, pikas, águias, etc... E pelo pouco medo que todos estes animais têm de humanos. Os ursos não têm problemas em vir pedir comida emprestada. Os veados deixam-se aproximar a 10 metros ou menos. Os animais mais pequenos também quase não nos vêem como uma ameaça. Será porque estão protegidos nesta região há mais de um século?

5.10.10

John Muir Trail - Dia 6

Devil's Postpile, Ansel Adams Wilderness, California, USA

Dia 6 - 28.VIII.2010
Início - Garnet Lake (2900m)
Final - Reds Meadow (2300m)
Distância - 25km
Subida - 400m
Descida - 1100m

Depois de uma noite de vento e frio, um longo dia a descer. Passaram-se diversos lagos, o maior dos quais o Shadow Lake. Zigzaguearam-se muitas das descidas e pelo caminho ainda apanhámos neve que caía muito escassa, apenas uma amostra da tempestade mais acima. Assim se chegou ao Devil's Postpile National Monument. Mais não é que um conjunto de colunas basálticas, muito parecido com os que se encontram nos Açores, dos quais o melhor exemplo é a Rocha dos Bordões nas Flores. A Clara no entanto já vinha com problemas nos joelhos, muito comum quando se desce com peso às costas que desgasta as articulações. Felizmente há sprays milagrosos que salvam destas situações. O dia acabou em Reds Meadow, um parque de campismo com famosas "termas". As termas são na verdade uns cubículos sujos e escuros com um chuveiro de água quente. Mas depois de 6 dias sem um banho decente soube que nem ginjas, ainda se lavou roupa e tudo.

A higiene nas zonas longe da civilização era difícil. Banhos, sempre de água fria (ler gelada). Os mais corajosos ainda se aventuravam a banho directo no rio ou lago mais próximo, mas muitas vezes ia mesmo de balde e esponja numa zona mais soalheira. Roupa, apenas levámos 3 mudas para não pesar. Ou seja, ou repetíamos roupa suja, normalmente com muito pó, ou tínhamos de lavar regularmente. Usávamos um detergente biodegradável especial de corrida, mas de detergente tinha muito pouco, era quase como passar a roupa por água. O cheiro a transpiração foi uma constante até o último dia :D

2.10.10

John Muir Trail - Dia 5

Donohue Pass, Yosemite NP, California, USA

Dia 5 - 27.VIII.2010
Início - Lyell Forks (2900m)
Final - Garnet Lake (2900m)
Distância - 20km
Subida - 900m
Descida - 900m

Hoje, pela primeira vez, entrou-se em verdadeiro território de montanha. A partir do local de acampamento em Lyell Forks subiu-se acima da linha de árvores. A caminho da maior altitude atingida até hoje, no Donohue Pass (3370m) passam-se uma série de pequenos vales encaixados. Uns com ribeiros a correr, outros com lagos de água perfeitamente cristalina, a paisagem é fenomenal. Sobe-se bem, mas nem se dá por isso. Já no colo (nome dado à zona entre dois picos usada para ganhar acesso ao vale seguinte), os nossos companheiros de viagem Álvaro e Guida atingiram a maior altitude da caminhada deles, dado que planeavam sair a meio, ao fim do nono dia. Aqui também deixávamos o Yosemite National Park e entrávamos na Ansel Adams Wilderness. Descemos para o Rush Creek, onde algumas pontes que mais não eram que troncos caídos em cima da água obrigavam a testar o equilíbrio. Mais uma subida, pequena, para vencer o Island Pass e desce-se para o Thousand Island Lake. Não são 1000, mas lá que tem muitas ilhas tem. Daqui resolvemos fazer o forcing até o Garnet Lake, dado que ainda era cedo. O pior foi a ventania que entretanto se levantou. Ainda andámos um pouco às aranhas para encontrar um local abrigado perto das águas do Garnet mas com o cair da noite lá montámos acampamento. E ainda deu para encontrar uma geocache a meros 20 metros do local. Soubemos depois que o vento tinha trazido uma tempestade de neve a estas altitudes no dia seguinte, felizmente já estávamos mais abaixo.


A escolha de locais para acampar nem sempre era fácil. Mas nunca causou problemas. Nestas regiões basicamente pode-se acampar em todo o lado desde que se observem determinadas regras. Nunca a menos de 30m da água ou do trilho. Nunca em zonas de vegetação, optar sempre por zonas com terra. Como há muita gente a fazer o mesmo acabam-se por encontrar muitas áreas apropriadas a cada poucos quilómetros, frequentemente com vistas espectaculares.