26.1.08

Macrothele

Macrothele calpeiana, Fonte Benémola, Algarve
Depois da mais pequena aranha europeia, endémica de Sesimbra, aqui fica a maior aranha europeia, possivelmente endémica do sul da Península Ibérica. Com um tamanho de corpo (excluindo patas) de até 4 cm, já mete respeito. É assim 500.000 vezes maior que a Anapistula sp. em volume. Curiosamente, um bicho deste tamanho foi descoberto pela primeira vez em Portugal apenas em Março de 2007 por um alemão em férias. Isto demonstra bem o pouco que se conhece deste grupo.
Esta é também a única aranha listada na Directiva Habitats, como tal a única espécie protegida em Portugal. Apesar de as listagens de invertebrados incluídos nestas listas parecerem ter sido feitas de forma verdadeiramente aleatória, pelo menos lembraram-se deles :)

16.1.08

Risco de Extinção

Anapistula sp., Gruta do Fumo, Sesimbra
Apresento uma nova espécie de aranha cavernícola, do género Anapistula, família Symphytognathidae. Um grande nome para a mais pequena aranha Europeia com meio milímetro quando adulta. Esta foto foi tirada in situ, em condições no mínimo adversas com um fole, uma lente 50mm invertida e um bom trípé. Mesmo assim não saiu como queria, mas como as condições permitiram. Como curiosidade, esta espécie aparenta ser partenogénica, ou seja, não existem machos dando-se a reprodução através de "clonagem" das fêmeas. Ainda não se tem a certeza, mas pensa-se que esta espécie será descendente de alguma outra aranha que existisse à superfície quando autênticas florestas tropicais recobriam toda esta área, há milhares de anos. Com a vinda das grandes épocas glaciais, algumas destas pequenas aranhas podem-se ter refugiado no clima mais “temperado” das grutas e aí ficaram até hoje. Os seus parentes mais próximos conhecidos estão agora restritos à floresta tropical Africana.
Descoberta há dois anos por mero acaso em 3 grutas muito próximas no Sistema do Frade durante uma actividade do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul, não só se trata de uma nova espécie para a ciência, como os critérios IUCN a classificam como “criticamente em perigo de extinção”. Os critérios foram pensados para vertebrados, mas são muitas vezes aplicados a invertebrados com as devidas reservas. No entanto, a verdade é que a área de distribuição potencial da espécie (que deve andar por apenas 2 km2) tem-se reduzido significativamente devido às pedreiras mais próximas. Infelizmente, todas as tentativas de um ano para obter uma autorização do ICN(B) e do PNA para estudar a espécie foram goradas, afinal de contas é apenas um "insecto", não se pode esperar grande interesse. Não quer dizer que esteja à espera disto, mas era razoável que estes pequenos seres fossem pelo menos considerados como parte da Natureza e da Biodiversidade. Um dia as mentalidades mudam, haja esperança. Entretanto, aqui fica o registo de mais uma espécie única no nosso país.